28 de fev. de 2008

Discussão: A antropologia urbana e os estudos brasileiros (Tema 3)

*Mariana Perozzi

O objetivo do encontro de 26/02/2008 foi mostrar as diferenças entre os métodos de estudo da metrópole.

A Sociologia, em linhas gerais, busca revelar a cidade em sua totalidade, através das suas dicotomias (centro x periferia).

Já a Antropologia questiona a totalidade da cidade, questiona a existência de uma “cultura urbana” que permeie toda a cidade. Considera que existem várias culturas, e que nem todas são urbanas (a exemplo das famílias camponesas que vão para a cidade e conservam muitos de seus hábitos “rurais” – O. Lewis, Five Families, 1959).

Outro parâmetro contestado pela Antropologia é a relação direta entre urbanização e industrialização.

A terceira diferença consistiria no próprio método de investigação, já que a Antropologia pretende conhecer as partes sem a pretensão de explicar o todo. São típicos estudos da Antropologia Urbana, por exemplo, estudos de caso específicos sobre um grupo de mulheres (ou de adolescentes, ou de religiosos) de determinado bairro.

A principal crítica apontada durante o encontro é que ambas – Sociologia e Antropologia – apresentam a mesma limitação: pensar que a cidade é feita de arquitetura e pessoas, num espaço fechado (método visual).

O trabalho de Canevacci, especificamente, utilizou o mesmo método “turístico” de W. Benjamim na França: passear e observar. O resultado desta “antropologia urbana arquitetônica” seria superficial e não explicaria a metrópole. Ressalta-se, ainda, que na visão de Canevacci a comunicação urbana é o diálogo do antropólogo (observador) com os prédios (arquitetura).

O centro da questão é, portanto, o “habitar”, já que não habitamos mais prédios arquitetônicos, mas sim multi-espaços intermediados por tecnologias (ao ligar a televisão, por exemplo).

No limite, o indivíduo pode não distinguir mais entre seu corpo e o espaço (o lado “de fora”). Esta dificuldade em separar o que é interno do que é externo foi chamada por Celeste Olalquiaga de “psicastenia”, considerada por muitos como uma doença. Na psicastenia, a especificidade do lugar não é dada pelo lugar em si, mas pela relação deste com a psiquê do indivíduo.

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