28 de fev. de 2008

A ascensão da antropologia nos estudos urbanos na cidade polifônica de Canevacci

*Mariana Perozzi & Cadu



A Obra de Canevacci, de certa forma, revela a ascensão dos estudos antropológicos acerca dos fenômenos urbanos, a partir dos anos 80, devido à crise do método sociológico. Assim, o método proposto pelo antropólogo italiano revela a limitação da sociologia. Para o autor é possível afirmar que estamos vivendo uma fase na qual os velhos modelos se tornam cada vez mais obsoletos. Insiste que a sociedade atual está mudando tão rapidamente que se tornam arcaicos os paradigmas interpretativos ligados a um contexto que já se dissolveu.

M. Canevacci, em A Cidade Polifônica (1993), propõe um método de pesquisa antropológico baseado numa interpretação etnográfica da metrópole, que consistiria sobretudo em tornar familiar o que é estranho e tornar estranho o que é familiar. “De um ponto de vista antropológico, o processo de estranhamento deve ser conduzido ao ponto em que nosso relacionamento com o mundo é mais costumeiro e, portanto, mais familiar, enquanto o processo oposto de familiarização deve focalizar e descobrir o que é desconhecido” (p.30).

Propõe também que se utilize uma “observação observadora”, não mais participante da ação, mas que observa a si própria como sujeito que observa o contexto. Se tratando, portanto, de uma antropologia vivente e não museal.

A necessidade de utilização deste método antropológico surge, segundo o autor, da incapacidade da Sociologia em estudar/explicar os fenômenos urbanos, devido: a) à limitações inerentes ao seu modelo de pesquisa; b) às transformações da própria metrópole, na qual o elemento visual passa a ser central.

A dicotomia “centro-periferia” estaria em crise (p.45). O autor explora o conceito de vídeo-scape para melhor entender a metrópole contemporânea. Dessa forma, o urbano é melhor tratada por novas paisagens cujos nomes trariam o sufixo “-scape”, teorizados por Appadurai (1990). O video-scape para Cavenacci seria um repertório interconexo de impressa, celulóide, telas eletrônicas, videogames e celulares.

Canevacci atribui à metrópole três características fundamentais: mudança, complexidade e comunicação (esta última, eixo principal da metrópole, o elemento emergente que caracteriza a nova fase). Para ele, a cidade é o lugar do olhar, o que justificaria a importância da comunicação visual – o exemplo mais contundente disso seria o shopping Center.

Nenhum comentário: