1 de jan. de 2006

Grupo de Estudos: Áreas Vírus

Apresentação:

O termo Áreas Vírus foi forjado no sentido de conceituar antigos espaços urbanos, os quais, devido às transformações macro ambientais ocorridas nos últimos tempos, tiveram sua arquitetura resignificada através de iniciativas, principalmente culturais, que buscavam alternativas à lógica da sociedade do espetáculo, então predominante. Estas iniciativas, tal qual os vírus, acabavam por contaminar todo o seu entorno, de modo a propiciar a construção de representações de mundo alternativas àquelas as quais as comunidades estavam fadadas a incorrer. Foi assim, por exemplo, que antigos galpões industriais transformaram-se em teatros ou centros culturais donde emanam as mais diferentes formas de expressão criativa, original, contestadora da ordem estabelecida.

No contexto que hoje vivemos, onde as tecnologias digitais propiciam às pessoas uma mobilidade sem precedentes na história humana, as Áreas Vírus têm sua força reprodutiva e, consequentemente, seu poder de contaminação potencializados. Ainda como conseqüência destas novas tecnologias, as formas de expressão também são incrementadas por novas possibilidades objetivas - recursos e meios de produção - e novas possibilidades subjetivas - diferentes formas de sentir e habitar um mundo onde a dicotomia real-virtual está superada.

No bojo dessa realidade, o conceito de centro e periferia, tão caro a modernidade, entra em profunda crise. Se aos olhos de um urbanista, o conceito de periferia ainda pode ter sua razão de existir, um novo olhar sobre a realidade tecno-comunicativa perceberá as Áreas Vírus por aí se multiplicando, determinando assim, o esfacelamento do núcleo da sociedade moderna, do conceito de centro enquanto produtor de valores, significações e visões de mundo. E portando, é muito mais frutífero na contemporaneidade pensar no conceito de rede.

Exemplo disso são as novas conflitualidades que dizem respeito às "periferias" das grandes metrópoles ou pensando mais amplamente, as “periferias” do planeta. Basta lembrarmos de Los Angeles, Seattle, Paris, Gênova e, mais emblematicamente, o caso dos zapatistas no México.

Em todos estes casos, grupos de pessoas, através das tecnologias comunicativas-digitais, pareceram atuar através de novas formas de rebeldia, sem ideologia, sem a busca pela tomada do poder, nem a construção de uma alternativa ideologicamente identificável. Nesse sentido, estas novas conflitualidades tornam-se um laboratório importante para entender a crise moderna.

É nesse cenário extremamente instigante que se propõe o presente grupo de estudos e pesquisas. Porém não é tudo. Buscamos ir além. Pois através de nossas incursões de campo queremos estabelecer canais de cooperação, de troca, enfim, de integração entre o saber criativo e original das Áreas Vírus e o saber institucionalizado da universidade.

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